Michael Jackson segue impactando milhares de pessoas, seja por sua contribuição no mundo da música ou pelas polêmicas que o cercavam.
HHá dez anos, foi ao ar uma notícia que impactaria o mundo inteiro: o cantor Michael Jackson, popularmente conhecido como Rei do Pop, estava morto. A perda de um dos maiores ícones pop do mundo e um grande nome da carreira musical ocorreu no dia 25 de junho de 2009, quando o artista tomou uma dose letal de remédios.
Como era de se esperar, a morte de Jackson causou uma grande comoção em seus fãs, que gerou uma onda de luto ao redor do mundo. Com 50 anos de idade, 45 anos de carreira e com uma turnê de retorno prestes a estrear, chamada This Is It, a morte de Michael Jackson abalou muita gente. Mesmo após uma década dessa grande perda, o nome do artista segue impactando milhares de pessoas, seja pelo seu trabalho inegavelmente relevante ou pelas grandes polêmicas que o cercavam.
O Início de Michael Jackson
A carreira do cantor começou em 1964 através do The Jackson 5, um grupo musical formado por Michael e seus irmãos Jackie, Tito, Marlon e Randy. A banda permaneceu junta por cerca de 20 anos, e entre os diversos sucessos produzidos por eles destacam-se I Want You Back, ABC, The Love You Save e I’ll Be There, que alcançaram o topo das paradas norte-americanas e ajudaram a disseminar o sucesso do grupo.
Foi através do The Jackson 5 que Michael começou a ganhar destaque como dançarino e cantor, de forma que, em 1966, quando ele tinha apenas oito anos de idade, tornou-se o vocalista principal da banda. Ao longo dos anos em que permaneceram juntos, o grupo produziu outros sucessos como Mama’s Pearl, Never Can Say Goodbye, Lookin’n Through the Windows, Get It Together, Dancing Machine, Enjoy Yourself, Show You The Way To Go, Blame It in the Boogie e This Place Hotel. Além disso, o grupo chegou a vender cerca de 114 milhões de álbuns durante o tempo em que permaneceram juntos.
Apesar do sucesso que o The Jackson 5 tinha conquistado, a banda chegou ao fim em 1984, quando foi realizada a turnê de encerramento Victory Tour, que passou por várias cidade dos Estados Unidos e do Canadá. O desmebramento do grupo é uma consequência da carreira solo de Michael Jackson, que estava sendo muito mais bem-sucedida do que a da banda.
O Começo do Estrelato
O cantor iniciou sua carreira solo no início da década de 70, através da gravadora Montown, responsável pelos sucessos do The Jackson 5. Desse modo, ele lançou os seus primeiros álbuns Got to Be There (1972), Ben (1972), Music & Me (1973) e Forever, Michael (1975).
Em 1982, o cantor recebeu e aceitou o convite do diretor e produtor Steven Spielberg para narrar a história do filme E.T., O Extraterrestre (1982), ao mesmo tempo em que trabalhava em um novo disco. Mesmo participando de dois projetos simultaneamente, Jackson fez um trabalho de maestria em ambos. Em novembro de 1982, o audiolivro de E.T., O Extraterrestre foi lançado, na mesma época em que foi lançado o sexto álbum de estúdio do cantor, Thriller.
Thriller chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos dos Estados Unidos em 21 de fevereiro de 1983, permanecendo nessa posição por 37 semanas. Entre os sete compactos que foram lançado, dois conquistaram o primeiro lugar das paradas: Billie Jean e Beat It.
Além de todo o sucesso do disco, que continua relevante até os dias atuais, Thriller também foi importante na luta contra o racismo na indústria fonográfica. Michael foi o primeiro artista negro a ter uma música na MTV, com o vídeo de Billie Jean. Enquanto isso, a canção Beat It contou com a participação do guitarrista Eddie Van Halen, o que fez com que muitas rádios voltadas para o público branco tocassem a canção de um negro. Para a época, isso foi considerado um feito inédito.
Em março de 1984, o artista lançou em VHS o videoclipe de Thriller, que também mostrava cenas inéditas dos bastidores da produção. Quando foi lançada, Making Michael Jackson’s Thriller vendeu quatro milhões de unidade, tornando-se a mais vendida de todos os tempos. Em maio do mesmo ano, Thriller entrou para o livro dos recordes e o cantor ganhou a sua estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. Definitivamente, o sucesso de Thriller foi essencial para carreira de Jackson, consagrando assim o seu estrelato.
O Rei do Pop
Em agosto de 1987, Michael lançou Bad, o seu sétimo álbum de estúdio, que dividiu opiniões. A crítica especializada considerou o trabalho pouco ousado, ainda mais se comparado com Thriller (1982) ou Off the Wall (1979). Enquanto isso, o público gostou do álbum, que acabou se tornando um grande sucesso. Na época em que foi lançado, Bad vendeu cerca de 30 milhões de cópias ao redor do mundo. Além disso, nove canções do disco foram lançadas como compacto e cinco delas chegaram à primeira posição nos Estados Unidos: I Just Can’t Stop Loving You, Bad, The Way You Make Me Feel, Man in the Mirror e Dirty Diana.
Bad também foi indicado ao Grammy Awards, onde o artista fez uma performance lendária e apresentou as músicas The Way You Make Me Feel e Man in the Mirror. Contudo, ele não ganhou nenhum prêmio, o que gerou certa revolta. Além disso, Michael Jackson realizou a Bad World Tour, sua primeira turnê mundial como artista solo. Ao todo, a turnê (1987-1989) passou por 15 países e atraiu, aproximadamente, 4,4 milhões de pessoas, um recorde que, posteriormente, foi superado por ele mesmo com a turnê HIStory World Tour (1996-1997).
Em 1991, foi lançado o disco Dangerous, que continha o hit Black or White. O videoclipe da música foi dirigido por John Landis, o mesmo responsável por Thriller, e chegou a ser transmitido simultaneamente para 27 países, atingindo uma audiência estimada de 500 milhões de pessoas. Apesar de algumas controvérsias a respeito da música, o clipe ficou famoso por contar com a participação de Macaulay Culkin, conhecido por seu papel nos filmes de Esqueceram de Mim.
O trabalho de Jackson continuou tendo grande sucesso mundial nos anos seguintes. Um exemplo disso é que, em 1993, o cantor se apresentou em um dos eventos mais importantes dos Estados Unidos: o programa de intervalo do Superbowl XXVII.
Extra! Extra!
Apesar da carreira de sucesso, Michael Jackson não conseguiu se manter longe das polêmicas. Em 1993, surgiram as primeiras acusações de abuso sexual infantil contra ele. O adolescente Jordan Chandler, de 13 anos, acusou o cantor de abuso sexual, mas em 1994 o caso foi resolvido com a família do garoto fora dos tribunais.
Em 2003, a reputação do cantor teve uma repercussão negativa com o lançamento do documentário Vivendo com Michael Jackson, que mostrava o dia a dia do cantor. Além de mostrar a rotina do Rei do Pop, o documentário abordou outros assuntos como a sua infância, seus três filhos e sua casa.

As entrevistas concedidas ao jornalista britânico Martin Bashir, durante o documentário, foram prejudiciais para a imagem do cantor e isso resultou em uma segunda acusação de abuso. Durante as entrevistas, Michael alegou que ainda levava crianças para dormir em seu rancho Neverland, e que, às vezes, dormia junto delas em sua cama. O julgamento chegou ao fim em maio de 2005, e mesmo tendo sido inocentado, o caso afetou bastante a reputação de Michael Jackson.
Deixando a Terra do Nunca
A polêmica mais recente envolvendo o cantor se deu através do documentário Deixando Neverland, lançado em 25 de janeiro deste ano. O longa conta a história de Wade Robson e James Safechuck, que alegam terem sido abusados sexualmente por Michael Jackson quando eram crianças. Além de denunciar uma situação, documentário tem o objetivo de mostrar os efeitos do abuso nas vítimas e em suas famílias.
https://www.youtube.com/watch?v=RIMt-M1B2Ng
Dirigido pelo cineasta britânico Dan Reed, Deixando Neverland teve uma repercussão mundial e ainda provocou um re-exame no legado do cantor. Um exemplo disso é o texto do crítico de música pop Chris Richards, para The Washington Post, em que relata como o documentário mudou a sua visão a respeito do artista e de suas músicas:
“Seus hits sempre pareceram tão vastos quanto a própria vida, mas agora a coletânea de Michael Jackson de repente parece ainda mais amplo, mais realista do jeito mais triste. Agora, é responsável pela crueldade deste mundo. Sempre tem sido muito bom ouvir nesta música e agora também há mal. Agora, ‘Thriller’ é muito sobre um homem tentando expor o horror dentro. Agora, ‘Smooth Criminal’ soa descaradamente criminoso. Agora, ‘Keep It in the Closet’ parece sinistro e perverso. Agora, ‘Man in the Mirror’ é uma confissão de culpa.”
Deixando Neverland foi responsável por dias de longos e profundos debates, dentro e fora da internet. Aos poucos, inúmeras celebridades se pronunciaram após assistirem o filme, colocando-se a favor (e contra) Robson e Safechuck, além de incontáveis fãs discutindo suas percepções e opiniões sobre o documentário. Enquanto a família Jackson se mostrou completamente indignada pelo o que consideraram mentiras ao nome de Michael, o doc da HBO causou um efeito cascata em todo mundo.
Vários acervos audiovisuais proibiram, retiraram ou se negaram a continuar tocando as músicas e vídeos de Michael Jackson no futuro pós-Neverland – a FOX, por exemplo, tirou de circulação o episódio de Os Simpsons em que o cantor aparecia, enquanto diversas rádios excluíram o artista de suas playlists. Ao mesmo tempo, a produção teve um efeito contrário, aumentando os números de streams (+10%), visualizações (+6%) e compras do acervo de Jackson. Especialistas dizem que, apesar de tudo, o legado do cantor deve permanecer forte por anos.
É inegável que ao longo de sua carreira Michael Jackson já produziu grandes sucessos, bateu recordes e conquistou diversos fãs ao redor do mundo. É também inegável a quantidade de polêmicas e controvérsias em que se envolveu, verdadeiras ou não — até mesmo após sua morte. E, na pior das análises, tudo isso faz parte de sua história pessoal e do vasto legado de sua carreira.
PLAYLIST