Com “Hello Mundo”, Ludmilla prova seu lugar no mercado e entrega um show cheio de identidade e de seu talento, cuja matéria-prima é o funk.
N“Não olha pro lado, quem tá passando é o bonde / Se ficar de caozada, a porrada come”. Assim, junto à um time de bailarinos, coreografia e muita batida que Ludmilla abre o primeiro DVD da sua carreira. Intitulado Hello Mundo, a artista mostra todo seu talento em uma material que explora sua carreira desde os tempos de MC Beyonce até os dias de hoje, apresentando-se para o mundo e quem quiser ouvir.
https://www.youtube.com/playlist?list=PLj6s80N1H0lQam3CNnTEV_6QUbrPIfxek
Ludmilla desfila todos os sucessos e hits que marcaram sua carreira, não deixando para trás nem mesmo Fala Mal de Mim. A canção foi escrita em 2012 por ela mesma, aos 16 anos, e é a escolhida para iniciar o DVD. Na época do lançamento da faixa, a cantora usava o nome artístico MC Beyonce, em homenagem a artista norte-americana, sua maior inspiração e admiração no meio. Logo de cara, a cantora já manda o recado, valorizando suas raízes e momentos que contribuíram para sua situação atual, além de mostrar, para quem duvidou de sua capacidade, os motivos para falar bem dela e sua atuação como profissional.
No total, Hello Mundo tem 24 faixas e mais de 70 minutos de música. Com o álbum disponível nas plataformas de streaming, o show pode ser assistido gratuitamente pelo canal do YouTube da cantora (e no player, logo acima). E é aliada a uma grande produção, que vai desde iluminação, jogos de luzes, efeitos visuais e mixagem de som até estruturas auxiliares no palco e troca de figurinos, que a cantora não decepciona e mostra sua energia em um conteúdo equilibrado e forte, que expressa sua personalidade através do tom de despreocupação e animação, o jeito divertido e provocante e o batidão de funk, sua matéria-prima.

Direto do Rio de Janeiro, local escolhido para a gravação, realizada em fevereiro deste ano, a funkeira demonstra sua versatilidade ao apostar, por exemplo, em participações especiais que complementam e enriquecem o que logo se revela uma investida audiovisual rica e consistente. Artistas como Jão, Léo Santana, Ferrugem e Simone e Simaria dividem os vocais com ela, passando por vários ritmos – dentre eles o axé, sertanejo, pagode, e até mesmo um pop melódico.
Ainda, Ludmilla evidencia que não há competição com outros artistas do meio, principalmente do mesmo seguimento, como muitas vezes reforça a mídia. Anitta ganha espaço no DVD e se junta à cantora na enérgica parceria Favela Chegou. “Desceu da favela pro asfalto / Quando o DJ solta o beat, o baile pega fogo / E sai dominando o mundo todo / ÔÔ, o funk chegou”, cantam elas em um dos momentos da música, que combina o estilo de ambas. Inclusive, se você não tiver dançado ainda enquanto assiste a manifestação ao mundo da Lud, com certeza dessa faixa não vai passar.
Relevância no Mercado
E os números não deixam mentir a influência da artista em escala nacional e sua conquista de espaço. No ano passado, Ludmilla emplacou diversos hits, como Solta a Batida e Jogando Sujo, além de duetos com artistas de outros gêneros. Todos os lançamentos de 2018 alçaram o Top 50 do Spotify, que liderou com Din Din Din, em parceria com MC Pupio e MC Doguinha.
https://www.youtube.com/watch?v=3nmIJ-Mohtk
Segundo publicação de março deste ano da Folha de São Paulo, no fim de 2018, Ludmilla superou 10 milhões de seguidores no Instagram e se tornou a brasileira negra com mais público naquela rede social. De dezembro até março, o total saltou para 13,4 milhões. No YouTube são 4,4 milhões de fãs, onde tem 1 bilhão de visualizações.
“É um ‘oi’ meu para o mundo, também quero que o mundo inteiro conheça o funk. A gente fez um conteúdo sem fronteiras, por isso ‘Hello Mundo’. Não só visando o Brasil, não só visando lá fora. É para o mundo todo mesmo.”
LUDMILLA EM ENTREVISTA PARA O PORTAL UOL, EM FEVEREIRO
Um dos destaques é a regravação de Halo, a realização de um sonho para a cantora, isto é, interpretar uma das músicas de sua maior inspiração, até hoje presente: Beyoncé. Ela teve autorização para incluir a canção no repertório e investiu em uma performance diferente, emotiva e original, trazendo para si a música e mostrando seu potencial em extensões vocais. Ao mesmo tempo, revelou uma execução duvidosa, que não aproveitou tanto os detalhes e a letra da música, deixando a sensação de preocupar mais com a voz.
O fato é que ela expressa sua relevância e se reafirma como uma potência artística, além de “apenas” o título de nome forte do funk carioca. A menina da comunidade, de Duque de Caxias, ultrapassou apenas a cidade da Baixada Fluminense, conquistou o Brasil e está pronta para dominar o mundo, agora sob o próprio nome.
Sem amostra de coincidência, Ludmilla comprova sua grandeza no cenário nacional enquanto artista que veio do funk e carrega o ritmo no seu trabalho, seja por seus característicos passinhos ou as batidas agitadas. O fechamento do DVD fica por conta de Cheguei, um de seus maiores sucessos dos últimos tempos e deixa claro, para quem ainda não tinha percebido, que além de ter chegado, ela veio para ficar.