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Joey Bada$$: do underground ao mainstream

Sessão de fotos de Joey Bada$$
Em 2017, Joey Bada$$ lançou o seu segundo álbum de estúdio. O rapper norte-americano, em ascensão, é um dos mais politizados da geração.

Em 2017, Joey Bada$$ lançou o seu segundo álbum de estúdio. O rapper norte-americano, em crescente ascensão, é um dos mais politizados da geração.


UUm garoto de apenas 17 anos surgiu no cenário underground do rap americano em 2012. Com a mixtape independente 1999, ficou claro que Joey Bada$$ seria mais uma promessa nascida no Brooklyn, Estados Unidos. O bairro é um dos berços da cultura hiphop, de onde surgiram grandes rappers como JAY-Z e Notorious BIG.

Depois de mais duas mixtapes, o primeiro álbum de estúdio de Joey, intitulado B4.Da.$$, foi um sucesso. Só nos Estados Unidos, alcançou a marca de 54 mil cópias vendidas na primeira semana, estreando na quinta posição da Billboard 200, o maior chart de álbuns do mundo. O título do álbum faz um jogo de palavras com o “Badass” de seu nome artístico, tendo sua escrita estilizada para ser pronunciado como “Before the Money” (“Antes do Dinheiro”, em tradução literal).

Capa do álbum "All Amerikkkan Bada$$"
Capa do álbum “All Amerikkkan Bada$$”

Em maio deste ano, em meio ao hype do novo álbum do rapper norte-americano Kendrick Lamar, Joey lançou seu segundo trabalho de estúdio: All-Amerikkkan Bada$$. O título do álbum faz referência ao primeiro álbum solo do rapper Ice Cube e lenda do grupo N.W.A., AmeriKKKa’s Most Wanted.

Ao ouvir as faixas presentes no trabalho torna-se evidente sua evolução como artista. Em maioria, as músicas vão contra a tendência trap presente no rap americano. Tal estilo de batida é diferente do boom bap, estilo clássico do rap originado do funk e do soul em forma de loop, ainda responsável pelos maiores clássicos da história do rap.

Joey Bada$$ explica em suas anotações no Genius que os singles Devastated e Front and Center foram lançadas como iscas. Apesar de gostar delas, ele as lançou afim de chamar a atenção de um público maior: “Aquele não é meu estilo. Essas músicas são para aquelas pessoas que vocês tentam convencer a ouvir Joey Bada$$, mas que não conhecem o meu tipo”. O objetivo era que a mensagem das próximas faixas do álbum atingisse pessoas diferentes.

https://www.youtube.com/watch?v=RLnA25dVzrQ

Como o próprio nome evidencia, o tema principal tratado no álbum é o racismo existente nos EUA. A ideia vem desde o single LAND OF THE FREE, lançado no Martin Luther King’s Day. Além disso, a participação de Joey no movimento Black Lives Matter mostra como ele se tornou um dos rappers mais politizados da sua geração.

Na música, ele critica a conduta dos americanos e expõe a forma como deixaram os problemas do racismo de lado com a chegada de Barack Obama à presidência. Além disso, propõem reflexões como o fato de negros ainda terem sobrenomes dos donos de escravos. Nos versos da música, Joey Bada$$ canta “Obama não foi o suficiente / Eu só preciso de algum outro fechamento / E Donald Trump não é equipado para governar esse país”.

Joey mostra que tem consciência da sua visibilidade midiática e de como isso lhe dá a possibilidade de expor o racismo. Essa atitude resgata a ideia do movimento sociocultural do hip-hop, que vem se perdendo com o passar do tempo, sendo mais reconhecido como um estilo musical.

O álbum também traz a ideia de união na luta contra problemas sociais. Todas as faixas apresentam os títulos em caixa alta, uma tentativa de chamar atenção e que, de um ponto de vista artístico, pode ser entendido como um grito de alerta para essas questões. “Esta é para o meu povo / Tentando permanecer vivo e em paz / É tão difícil sobreviver num mundo tão lental / Quem vai dar um passo a frente e ser nosso salvador / Para o meu povo, hein?”, alerta Joey Bada$$ em FOR MY PEOPLE.

Em uma variedade de boom baps que lembram as produções dos anos 90, All-Amerikkkan Bada$$ ainda traz convidados como ScHoolboy Q e J. Cole, em um álbum que evidencia o amadurecimento do garoto que surgiu na cena em 2012.


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