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"Quarta: Dia de Jogo" faz um retrato duro e verdadeiro do cotidiano árduo dos brasileiros ordinários que respiram nossa cultura popular.

Se o Brasil é o país do futebol, a quarta-feira se tornou um dia simbólico no calendário dos brasileiros pelas rodadas de campeonatos que tomam as noites com suas partidas. Quarta: Dia de Jogo, curta-metragem de Clara Henriques e Luiza França, se distância do evento futebolístico apoteótico para voltar seu olhar documental as figuras ordinárias que enchem os estádios após enfrentarem um dia a dia árduo de trabalho.

É neste cotidiano de labor que se instaura o olhar das diretoras. Quarta: Dia de Jogo traça a jornada de alguns trabalhadores através da rádio Bafo de Onça. Assim, as cineastas fazem um retrato do dia a dia popular do país ao trafegar entre diversas figuras ordinárias do Rio de Janeiro em suas rotinas de trabalhos desgastante.

O filme abraça a força dos movimentos corriqueiros urbanos (o transporte público lotado; a comida de rua; as conversas despretensiosas no meio-fio das calçadas) como um demonstrativo de pequenas situações corriqueiras que carregam um forte sentido maior, especialmente quando percebido como valor comum entre diversas pessoas.

Na mesma medida, Quarta: Dia de Jogo relaciona essa pretensão documentarista das atividades cansativas junto às manifestações culturais brasileiras populares (o futebol; o samba e o bar como escapismo da vivência cotidiana dura; a cultura radialista como relato oral popular das ruas) em uma dinâmica que denuncia a condição de um povo que sobrevive ao seu dia a dia árduo – com um sorriso no rosto – graças as simplicidades da vida porque é o que lhes resta.

Junto disso, Henriques e França equilibram esse olhar de uma experiência social plural à apontamentos sutis, porém potentes, de críticas à gestão política do país e, naturalmente, do Rio de Janeiro. Neste sentido, a opção por captar a cidade sem uma proximidade a praia deslumbrante, sem valorizar a beleza natural glorificante da capital carioca, tornam o retrato uma visão interessada em uma certa desconstrução do glamour que toma a cidade.

A própria escolha por não levar o espectador e as figuras que filma ao estádio do Maracanã (símbolo do futebol brasileiro como espaço de celebração e culto à própria nação), reforçam esse interesse em abdicar e qualquer ponto de vista deslumbrado com o que está em tela.

“Ele está denunciando não ao autoritarismo do governo, mas do cotidiano da sociedade brasileira”, afirma um personagem na narração radialista do curta. É um resumo do que Clara Henriques e Luiza França fazem em Quarta: Dia de Jogo. Um curta-metragem potente e interessante que abdica da potência cultural e celebradora do futebol para fazer um retrato honesto da condição dura e sofrida que vive o povo brasileiro.


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